quinta-feira, 3 de março de 2011

A reforma, ou desordem agrária brasileira

O MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, é visto pela grande mídia e pelos opositores à esquerda como uma guerrilha; nem mesmo os partidos que trazem no nome o socialismo, nem mesmo o Partido dos Trabalhadores – eterno “defensor” da reforma agrária e “protetor” do MST – defende e contribui para que a reforma agrária brasileira seja feita com honestidade e o mínimo de dignidade para os acampados e assentados do movimento.
O MST, movimento social e político é mau visto por boa parte da sociedade, por mais que as pessoas “encham a boca” para falar em regimes políticos opressores e proteger os seus rebeldes – que defenderam alguma causa em tempos distantes ao nosso - , criticam todos os grupos que se rebelam ou fazem manifestações contra o governo ou contra qualquer entidade. Em pesquisa realizada pelo IBOPE, para identificar a imagem do MST, “seis em cada dez moradores das Regiões Metropolitanas acreditam que esse tipo de movimento social no Brasil está se aproximando da criminalidade. Essa percepção é mais forte em Porto Alegre, Belo Horizonte e Distrito Federal, além de crescer com a escolaridade”.
Não estou à defender nenhum grupo, movimento ou sistema econômico, apenas defendo que todas as realidades deviam ser mostradas igualmente. Tem-se notícia de assentamentos no sul do Brasil que conseguem sobreviver em harmonia e igualdade, centenas de famílias vivendo em cooperativa, um sistema de economia socialista que incrivelmente tem dado certo dentro de um sistema político - econômico capitalista que vem se desgastando. E essa não é a realidade que os poderosos, detentores da economia do país e classe formadora de opinião, quer divulgada nos grandes noticiários do país. É melhor que sejam vistas e revistas as notícias de grupos que usam o MST para praticar atos de vandalismo, destruindo pesquisas de universidades, plantações de laranja etc. Realmente estes são fatos alarmantes e que deviam servir de alarde para que a Constituição de 88, Art.184 seja revisto, e algum órgão responsável por fiscalizar quem são os integrantes do grupo fosse criado.

Constituição Federal 1988- Da ordem econômica e financeira. Cap.III-Da Política Agrícola e Fundiária e da Reforma Agrária

Art. 184 - Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

A situação dos agropecuaristas brasileiros já é bastante delicada, mais ainda se torna quando um grupo sem a menor instrução de como usar a terra, sem equipamentos mínimos necessários e sem produtos para iniciar qualquer cultivo ocupa uma área; isto é o que acontece com a maior parte das terras destinadas à reforma agrária no nosso país. E assim, a estes passos nunca teremos distribuição de renda, reforma agrária e aceso à educação igual para todos etc.

Um comentário:

  1. Excelente texto Andressa! Uma linguagem fácil e interessante capaz de chamar a atenção aos movimentos sociais que, na grande maioria das vezes, são mal vistos pelas pessoas, mas que, quando vistos de perto nos desvendam uma realidade que pode dar certo sim! Parabéns!

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